Em direto
Sporting Campeão Nacional de Futebol 2023/2024

Milei minimiza crise orçamental universitária na Argentina

por Lusa
Os universitários argentinos estão na rua em protesto Juan Ignacio Roncoroni - EPA

O libertário presidente argentino, Javier Milei, está a procurar minimizar a crise orçamental nas universidades públicas, considerando-a algo normal, em polémica com os opositores de esquerda, influentes nos espaços universitários.

Mas na elitista Universidade de Buenos Aires (UBA) as paredes estão a ficar negras e os elevadores e o ar condicionado deixaram de funcionar em alguns edifícios na semana passada.

Os professores dão aulas a turmas com 200 pessoas sem microfones ou projetores, por a universidade pública - entre as melhores da América Latina - não conseguir pagar a conta da eletricidade.

"Esta é uma crise impensável", disse Valeria Anón, uma professora de Literatura, com 50 anos, em manifestação contra as medidas de austeridade de Milei, realizada na terça-feira na baixa da capital Buenos Aires, com a participação de milhares de pessoas. "Sinto-me muito triste pelos meus estudantes e por mim mesma", acrescentou.

Na sua política de alcançar um excedente orçamental, Milei está a cortar despesas de forma geral e transversal, encerrando ministérios, cortando financiamento de centros culturais, despedindo funcionários públicos e eliminando subsídios.

Na segunda-feira, Milei disse que a Argentina tinha alcançado o seu primeiro excedente trimestral desde 2008.

"Estamos a fazer o possível e o impossível, mesmo com a maioria dos políticos, dos sindicatos, dos meios de comunicação social e da maioria dos agentes económicos contra nós", disse, durante uma intervenção televisiva.

Uma multidão de estudantes e professores universitários saíram na terça-feira da UBA em protesto, juntando-se a milhares de outros manifestantes no centro da capital. Algumas escolas privadas encerraram em solidariedade.

Depois de declarar um estado de emergência orçamental, a UBA avisou na semana passada que, sem um plano de salvamento, iria encerrar nos próximos meses, interrompendo os estudos de 380 mil alunos.

Uma declaração que foi um choque para os argentinos, que consideram uma educação universitária gratuita e de qualidade um direito natural.

A UBA tem uma tradição intelectual prestigiada, tendo já produzido cinco Prémios Nobel e 17 presidentes da Argentina.

 

Tópicos
pub